Artigo recém publicado na revista Energy, liderado por Rebecca Draeger com coautoria do nosso Pesquisador Visitante, Bruno S. L. Cunha, Eduardo Casseres, Pedro Rochedo, Alexandre Szklo e Roberto Schaeffer, trata sobre a importância da representação da qualidade do petróleo em modelos de avaliação integrada para análise de cenários de descarbonização.
A eliminação progressiva dos combustíveis fósseis é fundamental para limitar o aquecimento global a 1,5°C. Estudos recentes indicam que enormes quantidades de recursos petrolíferos devem se manter no subsolo em cenários de mitigação. No entanto, não consideram a heterogeneidade do óleo bruto nem seus diferentes rendimentos no parque de refino mundial. O mesmo vale para o impacto de opções de CDR (Carbon Dioxide Removal) e de tecnologias de emissão negativa (NETs) sobre recursos de petróleo encalhados (stranded resources) e no ritmo da extração de óleo bruto em diferentes regiões do mundo.
Este estudo usa um modelo global de avaliação integrada (IAM), chamado COFFEE, para avaliar o impacto de considerar essas complexidades ao projetar cenários de mitigação consistentes com o aumento da temperatura em até 1,5°C ao final do século (com ou sem overshooting). Ao “desligar” o módulo detalhado de qualidade do petróleo, foi constatada uma superprodução de óleo bruto com menor rendimento das refinarias, pois o modelo simplificou o equilíbrio oferta-demanda de petróleo. “Ativando” o módulo detalhado de petróleo e simulando o nexo energia-terra, o modelo indica que opções de CDR permitem maior uso de petróleo no futuro em setores difíceis de abater (indústria e transporte de longas distâncias), enquanto que as refinarias se mostram melhor ajustadas à oferta de petróleo. Países africanos e latino americanos podem produzir mais petróleo antes de 2050 e isso tem implicações para a transição justa, pois essas regiões geralmente preferem antecipar as rendas do petróleo.
9 de Junho de 2022 | 16:20